O que é Literatura de Cordel?
Originada no Nordeste brasileiro no século XIX, a literatura de cordel é um gênero popular composto por versos rimados e folhetos ilustrados com xilogravuras. Vendidos tradicionalmente em feiras, esses folhetos ofereciam histórias folclóricas, narrativas de amor, crítica social, humor e até eventos históricos — tudo em linguagem acessível e métrica musicalizada
- Everson N Oliveira
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Imagem: Prefeitura de Arapiraca/ Reprodução
Tradição que ensina e entretém
Com estrofes chamadas sextilhas (seis versos rimados, por exemplo ABABCC), o cordel aborda desde mitos regionais até temas políticos e sociais com irreverência e oralidade marcante Leandro Gomes de Barros, considerado o “pai do cordel brasileiro”, produziu cerca de 240 obras e foi responsável por popularizar o gênero em todo o país
Vozes históricas e contemporâneas
Patativa do Assaré, poeta e cantador do Ceará, é símbolo do lirismo e da crítica social no cordel popular
João Martins de Athayde, o “rei do cordel”, escreveu folhetos de diversos temas, do romance ao político
Cordelistas contemporâneas que renovam o gênero:
Jarid Arraes, autora de mais de 70 folhetos, famosa por séries como Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis, traz representatividade feminina e antirracista ao cordel moderno
Mari Bigio, de Recife, lidera um movimento feminista dentro do cordel, utilizando apresentação cênica e conteúdo pedagógico para renovar o gênero
Auritha Tabajara, a primeira cordelista indígena reconhecida oficialmente, funde tradição oral indígena com forma rimada do cordel para amplificar vozes tabajaras
Izabel Nascimento, cordelista e pedagoga de Sergipe, introduz o cordel nas escolas rurais como posição emocional e cultural para jovens leitores
Fábio Sombra, do Rio, adapta histórias populares da cultura sertaneja e até mitologia clássica para o formato cordel ilustrado em quadrinhos
Cordel renascido no mundo digital
Em 2025, o Google chegou a homenagear a literatura de cordel com um Doodle, ilustrando sua importância cultural e identidade visual, especialmente no São João nordestino Ao mesmo tempo, iniciativas como o projeto Cordel 2.0 em Salvador conectam cordelistas periféricos com oficinas digitais e inteligência artificial para autoresar novas vozes locais através de projetos multimídia
Além disso, concursos como o Zoordel em Feira de Santana destacam novos nomes como Zeca Pereira de Barreiras, cordelista contemporâneo que retrata feiras livres e temas ambientais em versos imaginativos e críticos