Escrita entre 397 e 400 d.C., Confissões é uma autobiografia espiritual onde Agostinho narra sua jornada de conversão do maniqueísmo e vida dissoluta ao cristianismo, tornando-se um dos textos fundadores da teologia ocidental. Dividida em 13 livros, a obra combina memórias pessoais (como a infância violenta, a paixão pela retórica e o relacionamento com sua mãe, Santa Mônica) com profundas reflexões filosóficas sobre tempo, memória e a natureza de Deus. Agostinho confessa pecados como o roubo de peras na adolescência — ato que analisa como símbolo da perversidade humana — e sua luta contra a luxúria, culminando na famosa cena do jardim em Milão, onde uma voz infantil o levou a ler Romanos 13:13-14, selando sua conversão.
Os últimos livros abandonam a narrativa biográfica para explorar temas como a Criação (comentando Gênesis) e a busca da felicidade em Deus, definido como o “sumo bem”. A obra é pioneira ao usar a introspecção psicológica para descrever a alma humana como “inquieta até repousar em Deus”, influenciando desde a filosofia medieval até a literatura moderna.
Destaques:
Gênero: Autobiografia teológica com elementos de filosofia e poesia.
Legado: Primeira grande autobiografia ocidental, modelo para escritores como Rousseau.
Frase icônica: “Fizeste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração está inquieto até que descanse em Ti”.