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Um marco histórico e simbólico

No dia 10 de julho de 2025, a escritora brasileira Ana Maria Gonçalves, natural de Ibiá (MG), foi eleita para a cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se a primeira mulher negra a integrar os 40 “imortais” da instituição em seus 128 anos de história. Ela recebeu 30 dos 31 votos, derrotando entre outros nomes a escritora indígena Eliane Potiguara

 

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escritora nascida em Ibiá (MG) - Imagem: Leo Pinheiro

✍️ Biografia e trajetória literária

Ana Maria deixou sua carreira em publicidade em São Paulo para morar na Bahia e se dedicar à escrita  Em 2002, lançou o romance Ao lado e à margem do que sentes por mim (edição independente). Seu segundo livro, Um Defeito de Cor (2006), tornou-se referência na literatura brasileira contemporânea.

📖 Um Defeito de Cor: mais do que uma narrativa

Com cerca de 950 páginas, o romance acompanha a trajetória de Kehinde, uma mulher africana sequestrada aos oito anos e escravizada no Brasil, que se inspira em Luísa Mahin, figura central na Revolta dos Malês (1835). A história aborda temas como escravidão, diáspora, ancestralidade e resistência.

A obra ganhou o Prêmio Casa de las Américas em 2007 e foi eleita pela Folha de S.Paulo como um dos 200 livros essenciais para compreender o Brasil  Além disso, em 2024 foi tema do enredo da Portela no Carnaval carioca, o que impulsionou suas vendas a mais de 180 mil exemplares até 2025

🌍 Atuação cultural e reconhecimento

Ela foi escritora residente em universidades nos EUA como Tulane (2007), Stanford (2008) e Middlebury (2009), e atuou como colunista para The Intercept Brasil em assuntos raciais e culturais entre 2016 e 2017 Em 2025, recebeu a Medalha Tiradentes da Alerj, em reconhecimento à sua contribuição à literatura negra. 

🌟 Representatividade e repercussão cultural

O feito, que inspirou e emocionou diversos atores culturais e políticos incluindo o presidente Lula, que elogiou Um Defeito de Cor como uma “companheira” durante sua prisão, foi saudado como “um passo contra o racismo estrutural” de uma instituição historicamente dominada por homens brancos. Conceição Evaristo, que concorreu à ABL em 2018 e recebeu apenas um voto, saudou a eleição de Ana Maria como uma vitória coletiva e simbólica.

Analistas afirmam que a ABL passa a ser mais representativa, aproximando seu quadro da diversidade real do país, ao incluir vozes negras e femininas.

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